Sentir o coração acelerado, com batimentos rápidos ou irregulares, é uma experiência que pode gerar bastante ansiedade e preocupação. Embora muitas vezes seja uma resposta normal do corpo a situações como exercício físico, estresse ou susto, em alguns casos, o coração acelerado pode ser um sinal de alerta para condições cardíacas que precisam de avaliação médica. A sensação de palpitação no coração varia bastante, podendo representar desde um coração acelerado até batimentos cardíacos baixos. Por isso, é fundamental a avaliação especializada por um cardiologista, com o objetivo de identificar se há uma arritmia específica, como a Fibrilação Atrial, e de instituir um tratamento específico.
O Dr. Vinícius Correia é formado há 10 anos e é cardiologista pelo Instituto do Coração da Universidade de São Paulo (USP), o maior hospital de cardiologia da América Latina. Atualmente é professor, pesquisador e doutorando pela mesma instituição, contribuindo com a formação de diversos alunos e residentes, além de palestrar nos principais congressos de cardiologia do país e contribuir com diversas publicações científicas.
A principal missão do Dr. Vinícius Correia é oferecer um atendimento humanizado e de excelência, integrando todo o seu conhecimento em prol da saúde cardíaca e global dos seus pacientes. Além de preencher todos os requisitos listados acima, o Dr. Vinícius tem muita experiência no diagnóstico e tratamento de doenças que causam coração acelerado, batimentos cardíacos baixos, palpitação no coração e arritmias complexas como a Fibrilação Atrial.

Neste artigo, vamos explorar as possíveis causas para o coração acelerado, os sintomas associados, como é feito o diagnóstico e, fundamentalmente, quando essa sensação indica a necessidade de procurar um cardiologista. Nosso objetivo é fornecer informações claras e precisas para que você possa entender melhor essa condição, diferenciar o coração acelerado normal de um problema, tomando decisões informadas sobre a sua saúde cardiovascular.
1. O Que Significa Ter o Coração Acelerado?
O termo técnico para coração acelerado é taquicardia, que se refere a uma frequência cardíaca em repouso acima do normal (geralmente acima de 100 batimentos por minuto em adultos). A sensação de coração acelerado ou palpitação no coração pode ser descrita de diversas formas:
- Batimentos cardíacos rápidos
- Sensação de que o coração está “pulando” ou falhando
- Batimentos fortes ou vigorosos
- Sensação de “tremor” no peito
É importante diferenciar a taquicardia fisiológica (normal) da patológica (associada a doenças). A taquicardia fisiológica ocorre em resposta a estímulos como exercício, emoções fortes, febre ou uso de certas substâncias, resultando em um coração acelerado ou palpitações de forma temporária. Já a taquicardia patológica é causada por problemas no sistema elétrico do coração ou outras condições médicas, podendo ser persistente ou intermitente, sem relação clara com um gatinho fisiológico (ex,: exercício), geralmente acompanhada de outros sintomas, como tontura, desmaio, falta de ar, sudorese fria e, em alguns casos, pode alternar com batimentos cardíacos baixos.
2. Causas Comuns de Coração Acelerado
As causas para palpitações no coração podem ser variadas, desde situações cotidianas até condições médicas mais sérias. É crucial identificar a causa subjacente para determinar a necessidade de tratamento específico.
Causas não cardíacas:
- Estresse, ansiedade ou pânico: Respostas emocionais intensas podem aumentar a liberação de adrenalina, acelerando os batimentos e causando palpitações no coração.
- Exercício físico: O aumento da frequência cardíaca é uma resposta normal do corpo para aumentar o fluxo sanguíneo e oxigênio para os músculos.
- Consumo de estimulantes: Cafeína, nicotina, álcool e algumas drogas ilícitas podem acelerar o coração, resultando em palpitações no coração.
- Febre: O corpo aumenta a frequência cardíaca para combater infecções.
- Anemia: A redução de glóbulos vermelhos faz o coração trabalhar mais para transportar oxigênio, podendo acelerar o coração.
- Hipertireoidismo: O excesso de hormônios da tireoide acelera o metabolismo, incluindo a frequência cardíaca, levando a taquicardia.
- Desidratação: A falta de líquidos pode afetar o volume sanguíneo e a frequência cardíaca, acelerando o coração de forma compensatória.
- Alterações hormonais: Menstruação, gravidez e menopausa podem causar palpitações no coração, devido a alterações hormonais compatíveis com essas fases da vida da mulher.
- Uso de certos medicamentos: Alguns remédios para asma, resfriado, ou mesmo antidepressivos podem ter como efeito colateral o aumento da frequência cardíaca.
Causas cardíacas:
- Arritmias cardíacas: Problemas no sistema elétrico do coração que causam batimentos irregulares, muito rápidos (coração acelerado) ou muito lentos (batimentos cardíacos baixos). Exemplos incluem a Fibrilação Atrial, Taquicardia Supraventricular, Flutter Atrial, Taquicardia Ventricular, entre outras. A palpitação no coração é o sintoma mais comum dessas arritmias.
- Doença arterial coronariana: Estreitamento ou bloqueio das artérias que irrigam o coração. Isso pode levar a isquemia e, consequentemente, a arritmias que causam palpitações no coração.
- Insuficiência cardíaca: Condição em que o coração não bombeia sangue eficientemente, tentando compensar com o aumento da frequência cardíaca. Além disso, o músculo cardíaco doente é foco para surgimento de arritmias, que podem acelerar o coração.
- Doenças das válvulas cardíacas: Problemas nas válvulas afetam o fluxo sanguíneo, sobrecarregando as câmaras cardíacas, o que pode resultar em algumas arritmias.
- Cardiomiopatias: Doenças do músculo cardíaco, como cardiomiopatia hipertrófica, doença de Chagas, sarcoidose e amiloidose cardíaca, podem prejudicar o sistema de condução elétrica do coração e causar áreas de cicatriz no músculo cardíaco, que funcionam como focos de arritmias.
- Cardiopatias congênitas: Anomalias na estrutura do coração presentes desde o nascimento podem predispor a arritmias, manifestando-se como coração acelerado ou batimentos cardíacos baixos.
3. Sintomas Associados ao Coração Acelerado
Em muitos casos, o coração acelerado pode ser o único sintoma percebido, muitas vezes referido como palpitações. No entanto, outros sintomas podem estar presentes e servem como sinais de alerta importantes, pois sugerem a presença de alguma condição subjacente mais grave.
- Falta de ar: Dificuldade para respirar, especialmente durante ou após os episódios de aceleração ou palpitação no coração.
- Dor ou desconforto no peito: Sensação de aperto, pressão ou dor na região torácica.
- Tonturas: Sensação de desequilíbrio, fraqueza ou de desmaio, que pode ocorrer em decorrência de um coração acelerado ou de batimentos cardíacos baixos.
- Desmaios ou pré-desmaios: Perda temporária da consciência ou sensação iminente de desmaio, um sinal preocupante que pode estar ligado a arritmias graves. Importante reforçar que tanto uma aceleração intensa do coração, quanto uma redução importante dos batimentos cardíacos, podem levar a desmaio.
- Cansaço excessivo: Fadiga desproporcional ao esforço, que pode ser um sintoma de que o coração acelerado ou lentificado está afetando a capacidade de bombeamento do músculo cardíaco.
- Inchaço nas pernas, tornozelos ou abdômen: Pode indicar retenção de líquidos associada a redução da capacidade de bombeamento de sangue pelo coração, que está sofrendo com arritmias que levam a aceleração ou lentificação da frequência cardíaca.
- Palidez e sudorese fria: Pele pálida e suor excessivo, que podem acompanhar episódios de arritmias mais intensas.
A presença de qualquer um desses sintomas em conjunto com o coração acelerado ou palpitações no coração deve motivar uma busca por avaliação médica imediata com um cardiologista, pois pode indicar uma arritmia séria, que necessite de tratamento específico. Vale destacar que mesmo na presença de palpitações isoladamente, sem outros sintomas, você deve procurar um cardiologista, pois algumas arritmias cardíacas não causam muitos sintomas adicionais e mesmo assim podem ser graves.
4. Por que o coração acelerado pode ser perigoso?
Embora nem todo coração acelerado ou palpitação no coração seja motivo de alarme, em certas situações, essa condição pode indicar problemas de saúde sérios. É por isso que a avaliação cardiológica é fundamental.
- Pode ser sintoma de arritmias graves: O coração acelerado pode ser a manifestação de arritmias perigosas, como a Taquicardia Ventricular ou a Fibrilação Atrial. A Fibrilação Atrial, por exemplo, aumenta significativamente o risco de AVC (Acidente Vascular Cerebral) devido à formação de coágulos no coração, que podem migrar para o cérebro.
- Sobrecarga do coração: Quando o coração bate muito rápido por longos períodos (coração acelerado persistente), ele trabalha de forma ineficiente. Isso pode levar a um enfraquecimento do músculo cardíaco ao longo do tempo, resultando em insuficiência cardíaca.
- Fluxo sanguíneo inadequado: Um coração acelerado extremo pode não permitir que as câmaras cardíacas se encham completamente entre os batimentos, diminuindo a quantidade de sangue bombeada para o corpo e o cérebro. Isso pode causar tonturas, desmaios e até danos a órgãos (como os rins).
- Risco de Morte Súbita Cardíaca: Certos tipos de taquicardias, especialmente as que se originam nos ventrículos, podem ser caóticas e levar à parada cardíaca e a morte súbita.
- Indica doença cardíaca subjacente: O coração acelerado pode ser o primeiro sinal de uma doença cardíaca estrutural, como problemas nas válvulas ou no músculo cardíaco, que precisam de tratamento específico.
- Alternância com Batimentos Cardíacos Baixos: Em alguns casos, arritmias podem causar tanto coração acelerado quanto batimentos cardíacos baixos (bradicardia). Essa alternância de ritmos também pode ser perigosa e necessitar de marcapasso.
Portanto, mesmo que a palpitação no coração pareça inofensiva, investigar a causa é vital para descartar condições perigosas e evitar desfechos desfavoráveis, como a morte súbita.
5. Como Investigar o Coração Acelerado?
O diagnóstico da causa da palpitação no coração começa com uma consulta detalhada com um cardiologista. Durante a consulta, o médico irá perguntar sobre a frequência, duração e características dos episódios de aceleração no coração, além de investigar seu histórico médico, familiar e estilo de vida. É importante mencionar se você também percebe episódios de batimentos cardíacos baixos, que podem ser um sinal de alerta para arritmias mais graves. O exame físico detalhado e realizado por um cardiologista também é fundamental para o diagnóstico.
Além disso, durante a consulta, o cardiologista deverá avaliar a necessidade de alguns exames complementares, de acordo com cada caso, como por exemplo:
- Eletrocardiograma (ECG): Registra a atividade elétrica do coração em um momento específico. Pode identificar arritmias presentes durante o exame, porém se o paciente não apresentar a arritmia no momento do exame, o eletrocardiograma será normal.
- Holter 24 horas: Um dispositivo portátil que registra a atividade elétrica do coração continuamente por 24 horas. É um exame muito útil para diagnóstico de arritmias que ocorrem diariamente, podendo flagrar também episódios de batimentos cardíacos baixos. Além disso, este exame traz uma perspectiva da frequência da arritmia ao longo do dia e a correlação com sintomas. Porém, se a arritmia for esporádica e não ocorrer durante as 24h do Holter, o exame pode ser normal.
- Monitor de eventos (Loop Recorder): Dispositivo que o paciente ativa quando sente os sintomas de coração acelerado ou palpitação no coração, registrando a atividade elétrica durante o episódio. O looper externo (aparelho semelhante ao Holter) pode ser usado por semanas, sendo valioso para sintomas menos frequentes. Já o looper interno ou implantável pode permanecer por alguns anos, sendo indicado para sintomas muito raros.
- Teste ergométrico (Teste de esforço): Avalia o comportamento do coração durante o exercício físico. Pode identificar arritmias desencadeadas pelo esforço, correlacionando com sintomas e com impacto na pressão arterial e frequência cardíaca.
- Ecocardiograma: Ultrassom do coração que avalia sua estrutura, função e o funcionamento das válvulas. Ajuda a identificar problemas estruturais que podem causar arritmias.
- Exames de sangue: Podem ajudar a identificar causas não cardíacas para o coração acelerado, como anemia, problemas de tireoide ou desequilíbrios eletrolíticos.
- Estudo eletrofisiológico: Procedimento invasivo que mapeia o sistema elétrico do coração para identificar a origem e o tipo de arritmia, sendo frequentemente utilizado para investigar casos mais complexos e para planejar o tratamento de arritmias específicas, como a Fibrilação Atrial.
A escolha dos exames dependerá da avaliação inicial do cardiologista e das características dos sintomas apresentados pelo paciente. Por isso, procure um cardiologista de confiança para estabelecer um diagnóstico e tratamento precisos.
6. Quando Devo Me Preocupar com um Coração Acelerado?
É natural que o coração acelere em certas situações fisiológicas, como durante um susto ou exercício intenso. No entanto, se esses episódios forem muito frequentes e intensos, você deve se preocupar. Além disso, alguns sinais de alerta devem chamar a atenção, como:
- Ocorrer frequentemente sem uma causa aparente (repouso, sem estresse, etc.).
- Vier acompanhado de outros sintomas de alerta, como falta de ar, dor no peito, tonturas, desmaios ou pré-desmaios.
- Durar por um período prolongado.
- Ocorrer em pessoas com histórico de doenças cardíacas ou fatores de risco significativos (hipertensão, diabetes, colesterol alto, tabagismo).
- A sensação de palpitação no coração for muito incômoda ou incapacitante.
- Você perceber alternância entre coração acelerado e batimentos cardíacos baixos.
Mesmo que os episódios de palpitação no coração sejam isolados e sem outros sintomas, uma avaliação cardiológica é sempre recomendada para descartar causas subjacentes, como doenças cardíacas, garantindo a sua tranquilidade.
7. Tratamento Para Coração Acelerado
O tratamento para o coração acelerado depende diretamente da causa subjacente. Se a causa for não cardíaca (como estresse ou cafeína), o tratamento pode envolver mudanças no estilo de vida ou tratamento da condição primária.
Se a causa for uma arritmia (como Fibrilação Atrial) ou outra doença cardíaca, o tratamento pode incluir:
- Medicamentos: Diversos medicamentos antiarrítmicos podem ser utilizados para controlar a frequência cardíaca e o ritmo dos batimentos. Em casos de batimentos cardíacos baixos, o cardiologista deve avaliar a suspensão de alguns antiarrítmicos em uso, que podem reduzir a frequência cardíaca.
- Cardioversão elétrica: Procedimento que utiliza choques elétricos controlados para restaurar o ritmo cardíaco normal em certos tipos de arritmias que aceleram o coração, como a Fibrilação Atrial.
- Ablação por cateter: Procedimento minimamente invasivo que utiliza energia (radiofrequência ou crioablação) para destruir pequenas áreas do tecido cardíaco que estão causando a arritmia, sendo um tratamento comum para a Fibrilação Atrial e outras taquicardias que causam palpitação no coração.
- Implante de dispositivos: Em casos específicos de batimentos cardíacos baixos persistentes, pode ser necessário implantar um marca-passo. Para arritmias ventriculares perigosas que podem causar morte súbita, um cardiodesfibrilador implantável (CDI) pode ser indicado.
- Cirurgia: Em casos mais complexos, como arritmias associadas a problemas estruturais do coração, a cirurgia pode ser uma opção.
O cardiologista irá definir o plano de tratamento mais adequado para o seu caso, considerando o tipo de arritmia (seja coração acelerado ou batimentos cardíacos baixos), a gravidade dos sintomas, a presença de outras condições médicas e o seu estilo de vida.
8. Prevenção e Hábitos Saudáveis
Embora nem todas as causas de coração acelerado ou de batimentos cardíacos baixos possam ser prevenidas, adotar um estilo de vida saudável é fundamental para a saúde cardiovascular geral e pode ajudar a reduzir a frequência e intensidade de palpitações, especialmente aquelas relacionadas a estresse ou estimulantes.
- Gerencie o estresse e a ansiedade: Técnicas de relaxamento, meditação, yoga, exercícios físicos regulares e terapia podem ser muito eficazes para controlar as palpitações no coração relacionadas ao estresse.
- Evite estimulantes: Reduza ou elimine o consumo de cafeína, álcool, nicotina e drogas ilícitas, que podem desencadear arritmias.
- Mantenha uma dieta equilibrada: Rica em frutas, vegetais, grãos integrais e proteínas magras, benéfica para a saúde geral do coração e para controlar fatores que podem levar a arritmias.
- Pratique exercícios físicos regularmente: Conforme orientação médica, a atividade física fortalece o coração e ajuda a manter um ritmo cardíaco saudável, prevenindo tanto o coração acelerado, quanto batimentos cardíacos baixos patológicos.
- Mantenha um peso saudável: O excesso de peso pode sobrecarregar o coração e aumentar o risco de arritmias, incluindo Fibrilação Atrial.
- Controle doenças crônicas: Mantenha a pressão arterial, o colesterol e a diabetes sob controle com acompanhamento médico. Essas condições são fatores de risco para arritmias.
- Durma bem: A privação do sono pode afetar o ritmo cardíaco, contribuindo para palpitações no coração.
- Faça check-ups cardiológicos regulares: A avaliação periódica com um cardiologista permite identificar e tratar precocemente condições que podem levar a arritmias.
9. A Importância da Avaliação Cardiológica
Sentir o coração acelerado ou lentificado pode ser assustador, mas na maioria das vezes não indica uma condição grave. No entanto, apenas um médico capacitado, de preferência um cardiologista de confiança, pode determinar a causa exata das suas palpitações e avaliar se há necessidade de tratamento específico. Não ignore os sinais do seu corpo. Uma avaliação médica completa é o primeiro passo para garantir a sua saúde e tranquilidade.
Sugestões de Leitura
https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/heart-palpitations/symptoms-causes/syc-20373196
https://my.clevelandclinic.org/health/diseases/17084-heart-palpitations